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Correção de Cores no DaVinci Resolve

Correção de Cores no DaVinci Resolve em 3 Passos

Com o DaVinci Resolve aberto na aba de color, eu selecionei aqui dois clipes pra começarmos a experimentar as primeiras ferramentas na etapa de correção de cor. Uma diária, num café da manhã.

Reproduzir Vídeo Sobre correcao-de-cor-davinci-resolve-tutoriais
figura01_aba de color do DaVinci Resolve 17 com cena de uma diaria no preview
figura01_aba de color do DaVinci Resolve 17 com cena de uma diaria no preview

E uma imagem noturna, dentro de um quarto. Para experimentarmos as ferramentas com dois contextos diferentes de iluminação.

figura02_cena noturna
figura02_cena noturna

Antes de começar o tratamento, nós precisamos fazer o gerenciamento de cores, que pra esse exemplo eu vou realizar pelas configurações do projeto.

Correção de Cores o que é realmente?

Essas cenas foram capturadas com uma câmera RED, em formato RAW. O formato RAW, se feito um paralelo com a película, é como se fosse o filme não revelado. Então o que nós estamos fazendo nesse processo é a “revelação do filme”, mas de forma digital.

Os arquivos em RAW são perceptivelmente bem sem contraste e sem saturação. O que nós estamos vendo é a imagem que o sensor da câmera registrou, com toda sua capacidade..

É a totalidade das informações que o sensor conseguiu capturar, sem nenhuma transformação até esse momento. Na prática o resultado é essa imagem “flat”, que nos oferece o maior potencial pra realização do tratamento de cor..

Pra isso ficar mais claro vamos analisar o diagrama de cores, que pode ser acessado pelos Scopes.

figura03_indicacao da janela de scopes
figura03_indicacao da janela de scopes
figura04_scope CIE Chromaticity
figura04_scope CIE Chromaticity

Nesse diagrama abaixo, o que está sendo representado dentro do “semi-círculo” é o espaço de cores possíveis dentro do espectro visível.

Para melhor visualização, vamos analisar uma representação colorida desse mesmo gráfico:

figura05_imagem ilustrativa do diagrama CIE Chromaticity
figura05_imagem ilustrativa do diagrama CIE Chromaticity

Essa área colorida compreende as cores que nosso olho tem capacidade de enxergar, nas devidas proporções. A curva no meio representa a temperatura.

Perceba como ela sai da tonalidade azul e vai até o laranja, passando pelo ponto neutro no centro, que é o branco. Olhando para esse gráfico percebe-se que o verde é a cor mais predominante, e por consequência é a cor que o nosso olho dá conta de enxergar melhor.

Para entender melhor o motivo dessas proporções assista o vídeo abaixo, no qual eu falo sobre a eficiência luminosa do olho humano.

Reproduzir Vídeo Sobre teoria-das-cores-davinci-resolve-tutoriais
figura06_indicacao do espaco de cor Rec.709
figura06_indicacao do espaco de cor Rec.709

Voltando agora pro DaVinci Resolve, vemos que dentro desse espaço temos um triângulo com o nome Rec.709. Esse espaço é a delimitação do padrão da indústria para as cores que os monitores conseguem exibir.

Então no seu celular, na televisão, no computador, todas as cores que os monitores dão conta de representar estão dentro do espaço de cor Rec.709. Então, o espaço de cores que o olho humano enxerga é muito maior do que os monitores são capazes de exibir, mas só com esse espaço já conseguimos enxergar todas as cores.

Agora pra entendermos o que está acontecendo no processo de gerenciamento, vamos trazer a representação do espaço de cores que a RED capturou quando a cena estava sendo gravada, adicionando o GAMUT (Gamut = Espaço de cor) REDWideGamutRGB.

figura07_adição da espaço de cor RedWideGamut no diagrama CIE Chromaticity
figura07_adição da espaço de cor RedWideGamut no diagrama CIE Chromaticity
figura08_diagrama CIE Chromaticity com representação dos gamuts Rec.709 e RedWideGamutRGB
figura08_diagrama CIE Chromaticity com representação dos gamuts Rec.709 e RedWideGamutRGB

Percebe-se que o espaço de cores que a câmera deu conta de capturar é bem maior que o Rec.709, chega a ser maior que o próprio diagrama. Então o que o gerenciamento de cores faz é transformar o espaço de cores que a câmera RED capturou para o Rec.709, que é a capacidade máxima dos monitores, o padrão da indústria.

Como fazer isso?

Na aba Color do Davinci, na parte inferior esquerda, clique na engrenagem. Acesse a aba Color Management. Na opção Color Science é possível ver algumas opções de ciência de cores:

DaVinci YRGB Color Managed, que é o gerenciamento de cores do próprio programa, e temos o ACEScct (Academy Coloring Encoding Sistem), que é o sistema de gerenciamento da Academia de Cinema. Ambos funcionam bem, cada um tem as suas particularidades, porém eu gosto da maneira como as ferramentas respondem com o gerenciamento em ACEScct.

figura09_indicacao de acesso as configurações do projeto
figura09_indicacao de acesso as configurações do projeto
figura10_indicacao de acesso ao Color Management (gerenciamento de cores)
figura10_indicacao de acesso ao Color Management (gerenciamento de cores)
figura11_indicação da ciência de cores ACEScct
figura11_indicação da ciência de cores ACEScct

Ao selecionar ACEScct, o programa vai te dar algumas opções:

A versão de Aces a ser utilizada: selecione sempre a última. (No momento em que estou escrevendo esse artigo a opção é “ACES 1.1”).

O input a ser utilizado: nesse caso RWG/LOG3G10.

O output: REC 709.

O INPUT e o OUTPUT dizem sobre qual o espaço de cores que está entrando e qual espaço de cores você quer que saia. No INPUT você vai selecionar de acordo o tipo e a configuração da câmera que foi utilizada na gravação da cena. E o OUTPUT vamos selecionar o espaço de cores que pretendemos entregar, nesse caso Rec.709, que é o padrão que os monitores conseguem mostrar.

figura12_indicação das configurações finais de gerenciamento do cores
figura12_indicação das configurações finais de gerenciamento do cores

Por último, habilite a opção USE COLOR SPACE AWARE GRADING TOOLS, assim as ferramentas vão se adaptar ao espaço de cores que estamos utilizando. O restante das opções se mantém. Clique em SAVE.

Logo perceberemos a diferença na imagem. Temos uma imagem que saiu do espaço REDWideGamutRGB, o original da câmera, e veio para o espaço de cores Rec.709, que é o que o monitor consegue exibir.

figura13_resultado da cena diaria após gerenciamento de cores
figura13_resultado da cena diaria após gerenciamento de cores
figura14_resultado da cena noturna após gerenciamento de cores
figura14_resultado da cena noturna após gerenciamento de cores

A imagem noturna ficou bem escura, mas como essa câmera é super potente e tem um sensor bastante sensível, vamos conseguir recuperar a luminosidade com facilidade.

Começando pela cena diurna, a primeira coisa que quero fazer é ajustar a exposição e o contraste. Para isso, vamos na aba de Primarie Wheels, as primárias do DaVinci Resolve.

figura15_indicação de acesso as Primarie Wheels
figura15_indicação de acesso as Primarie Wheels

Ela vem dividida em 4 partes: LIFT, GAMA, GAIN E OFFSET.

O LIFT são as partes baixas do sinal. As baixas luzes, as sombras. Repare na movimentação dos scopes ao se aumentar ou diminuir o controle de exposição do LIFT. Quando se aumenta, os scopes aumentam a partir da parte de baixo do gráfico RGB Parade.

figura16_indicação da área de maior influência da ferramenta LIFT no RGB Parade
figura16_indicação da área de maior influência da ferramenta LIFT no RGB Parade

O GAMMA são as luzes médias, mexendo nele o sinal se movimenta a partir da metade do gráfico.

figura17_indicação da área de maior influência da ferramenta Gamma no RGB Parade
figura17_indicação da área de maior influência da ferramenta Gamma no RGB Parade

O GAIN são as altas luzes, que vão puxar o sinal pelo topo, a partir das áreas mais claras

figura18_indicação da área de maior influência da ferramenta Gain no RGB Parade
figura18_indicação da área de maior influência da ferramenta Gain no RGB Parade

E o OFFSET possui influência em toda a imagem, puxando o sinal pra cima ou pra baixo como um todo.

figura19_indicação da área de maior influência da ferramenta Offset no RGB Parade
figura19_indicação da área de maior influência da ferramenta Offset no RGB Parade

O GAIN são as altas luzes, que vão puxar o sinal pelo topo, a partir das áreas mais claras.

Pra ajustar essa exposição eu vou começar pelo offset, que vai trazer o sinal como um todo pra cima, até chegar no ponto que eu acredito ser o ponto correto da imagem.

Eu sempre passo um pouco no offset, pois quando eu for corrigir as sombras essa luminosidade vai ficar compensada. Depois diminuo um pouco o lift até o sinal chegar próximo do 0. E pra compensar eu vou no gain e aumento um pouco. Esses ajustes estão acontecendo no primeiro node, que vai ser nosso node de contraste. A imagem e os gráficos ficaram assim:

figura20_resultado da imagem após ajuste de contraste com as Primarie Wheels
figura20_resultado da imagem após ajuste de contraste com as Primarie Wheels

O segundo node será de balanço de branco e saturação (pra criar um novo node você clica com o botão direito no último node > add node > add serial.

Ou usa o atalho ALT+S). Olhando pelos scopes e também pela imagem, dá pra perceber que ela está bem quente. Percebe-se que o canal azul está baixo, seguido do verde, e o vermelho que está mais alto que todos. Pra resolver isso tem algumas maneiras.

Aqui vou apresentar como você opera através da temperatura e do tint. A temperatura é o eixo entre o azul e o laranja, e o tint o eixo entre o verde e o magenta.

figura21_indicação das ferramentas de Temperatura e Tint
figura21_indicação das ferramentas de Temperatura e Tint

Nesse caso pra compensar o tom quente vamos levar a temperatura pro lado frio. Conforme vamos levando, percebe-se que o sinal vai se equilibrando nos scopes.

E conforme as cores vão se alinhando, a fidelidade dos tons vai aparecendo na imagem. Conseguimos ver o verde melhor, as cores da pele melhor, a roupa. Uma outra consequência comum desse ajuste é que, conforme acertamos um desvio de temperatura, passamos a percebemos que a imagem

começa a parecer menos saturada. Podemos compensar isso aumentando um pouco a saturação. Ao aumentar a saturação percebi que a imagem continuava quente, então esfriei um pouco mais a temperatura. Também notei que estava um pouco puxada pro verde, então fui no tint e levei um pouco pro magenta. E aqui está o antes e o depois:

figura22_imagem antes dos ajustes de temperatura e tintfigura23_imagem após os ajustes de temperatura e tint

Estava tudo bem quente, como se tivesse uma película laranja, e quando acertamos a temperatura as cores se separam, ficando mais nítido, com as tonalidades mais presentes.

O próximo e último node que eu vou utilizar para essa correção vai ser o node para centralizar a atenção naquilo que é o ponto de interesse do plano. Nesse caso, a menina. Vou chamar esse node de w1 (window 1 = janela 1). Pra dar o nome ao node, você clica com o botão direito em cima do node e seleciona NODE LABEL e dá o nome desejado.

figura24_indicação de acesso a opção de renomear o node
figura24_indicação de acesso a opção de renomear o node

O atalho dessa opção no teclado geralmente não vem nas configurações do DaVinci. Pra atribuir um atalho você vai em DaVinci Resolve, no canto esquerdo superior da tela, seleciona a opção KEYBOARD CUSTOMIZATION, procura na lupa de pesquisa por LABEL para encontrar a opção “Node Label”, clique ao lado no espaço para designar o atalho e pressione a tecla ou comando que deseja atribuir como atalho. Eu selecionei a tecla TAB pois ela não tem função no programa.

figura25_janela de customização de atalhos do DaVinci Resolve 17
figura25_janela de customização de atalhos do DaVinci Resolve 17

Para centralizar a atenção no ponto de interesse vou utilizar a ferramenta de Power Window. Utilizando uma janela redonda, vou encaixar em cima da menina. Uma Power Window faz com que os ajustes feitos aconteçam apenas dentro dessa janela.

figura26_indicação de acesso a ferramenta Power Windows
figura26_indicação de acesso a ferramenta Power Windows

Pra uma janela funcionar bem, é necessário aumentar a difusão dela, expandindo o círculo externo.

figura27_aplicação da Power Window
figura27_aplicação da Power Window

Utilizando o atalho SHIT+H, ou clicando no ícone de varinha mágica você consegue ver o que a máscara está afetando. Expandindo essa difusão, o resultado é mais orgânico, caso contrário a gradação da área afetada pelo ajuste fica dura.

figura28_indicação do botão Varinha Mágica
figura28_indicação do botão Varinha Mágica

Eu vou em GAIN e aumento a exposição um pouco até chegar no ponto desejado.

E como a câmera se movimenta, vamos trackear essa janela. Para isso vamos na aba de tracking. Vou começar o tracking no final do vídeo, onde ela está melhor enquadrada. Vou habilitar somente o PAN e o TILT e vou pedir para o DaVinci trackear para trás.

figura29_indicação do acesso a ferramenta de Tracking e do botão de trackear pra trás
figura29_indicação do acesso a ferramenta de Tracking e do botão de trackear pra trás

Vamos analisar o resultado que atingimos:

figura30_imagem em Rec.709 sem ajustes
figura30_imagem em Rec.709 sem ajustes
figura31_imagem após ajustes de exposição e contraste
figura31_imagem após ajustes de exposição e contraste
figura32_imagem após ajustes de temperatura e tint
figura32_imagem após ajustes de temperatura e tint
figura33_imagem após aplicação de Power WIndow para centralizar a atenção no assunto
figura33_imagem após aplicação de Power WIndow para centralizar a atenção no assunto

A última coisa que eu vou fazer nesse plano para melhorar a imagem é ajustar o ruído digital. Pra isso vou criar um node antes de todos, para que os efeitos seguintes aconteçam sobre a imagem já limpa de ruídos. Para criar um node pra trás eu aperto o atalho SHIFT+S.

figura34_adição de um node no início da árvore de nodes para aplicação de redução de ruído
figura34_adição de um node no início da árvore de nodes para aplicação de redução de ruído

Adicionei uma análise a cada 3 frames e subi o Luma e o Chroma até 4.8 no temporal threshold. Até 5 costuma ser o suficiente. Para aproximar a imagem, utiliza-se a barra de rolagem do mouse. Também é possível clicar e segurar a barra de rolagem para movimentar a janela como preferir.

figura35_indicação de acesso às ferramentas de redução de ruído
figura35_indicação de acesso às ferramentas de redução de ruído

Agora vamos ajustar a imagem noturna seguindo as mesmas diretrizes.

Vamos adicionar o primeiro node para redução de ruído. O segundo node para acertar o contraste. O terceiro node para white balance e saturação. E o último node para criar a janela.

Vamos iniciar pelo contraste. Para isso vamos novamente abrir a aba de primárias e aumentar o OFFSET, passando um pouco para ajustar nas sombras. Fiz esse ajuste utilizando o frame onde a luz do notebook incide sobre as atrizes.

figura37_cena noturna após ajuste de contraste e exposição
figura37_cena noturna após ajuste de contraste e exposição

Em seguida vamos diminuir o LIFT, até as sombras chegarem em uma região mais próxima do 0 no gráfico RGB Parade. Percebe-se que analisando a temperatura nesse plano, novamente, temos o canal azul mais baixo, e conforme vai para o vermelho, ele vai aumentando. Então no node de balanço de branco (white balance), vamos novamente trazer a temperatura pra uma região mais fria no controle temp.

figura38_cena noturna após ajuste de temperatura
figura38_cena noturna após ajuste de temperatura

Somente com esse ajuste já é perceptível uma separação de cores mais interessante. Percebemos que a parede ficou com uma tonalidade mais azulada, e ficou em contraste com a luz quente que está incidindo nas atrizes. Como a cena ainda está bem escura, vamos criar uma janela em cima das atrizes, respeitando a direção da luz que estava acontecendo na cena, que é a luz vindo do abajur.

figura39_cena noturna com aplicação de Power Window
figura39_cena noturna com aplicação de Power Window

Novamente, vou trabalhar com o GAIN, ajustando as altas. Observando a imagem, senti que ela ficou toda muito clara novamente. Então volto no primeiro node, o de contraste, e vou diminuir um pouco mais as baixas, o LIFT. Agora sim, temos uma imagem que aparenta ser mais noturna sem perder as informações do rosto das atrizes.

figura40_imagem noturna após últimos ajustes no node de contraste
figura40_imagem noturna após últimos ajustes no node de contraste

Quando aproximamos a imagem, como ela está bem subexposta, percebemos bastante ruído. Então vamos no node de ruído, abro as ferramentas de redução de ruído, adiciono a análise para cada 3 frames, e levo o LUMA e o CHROMA até 5 no temporal threshold.

E esses são os primeiros passos pra iniciarmos um tratamento de cor, começando pela etapa de correção da imagem bruta que chega pra gente.

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